sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Verdades à tona

Verifica-se, em nossos dias, um desejo quase que incontrolável de justiça. Querem-na para tudo, a qualquer modo, por qualquer preço, arriscando-se até pelos meandros da injustiça, para salvaguardar essa virtude que deve reger as ações humanas, representando a harmonia e o equilíbrio, tanto pessoal, quanto social. Daí, talvez, sempre esse conceito central ser tentado a interpretações diversas e, se não fosse uma força de origem transcendente, sofreria uma mutabilidade com as influências ideológicas confusas e perversas insistentemente tentando o homem.
O complexo tema, cujos conceitos se estendem por toda a evolução do estudo do pensamento, desde a clássica Grécia, definindo-se melhor no Império Romano e fundamentando-se nos princípios cristãos, dele se lançam mão todos os que querem, custe o que custar, impor-se, por não serem capazes de convencer os demais, ao contrário do que é justo, cuja nitidez e lógica simplesmente ocupam o lugar que lhes cabe no meio. Daquela forma, procederam famigerados pusilânimes ao longo da história da humanidade, revestidos com a couraça, ora da repressão, ora da liberdade, mais além do direito igualitário de todos perante o Estado, em nome dessa primorosa virtude cometeram as mais absurdas atrocidades que, com o tempo, acabaram emergindo nos relatos históricos, desacreditando a ideologia que defendiam e na qual tentavam apoiar o seu sistema.
E uma das mais recentes emersões foi sobre o tão louvado chileno Salvador Allende, um dos ícones dos movimentos esquerdistas, que agora aparece com o epíteto de “anti-semita”. O alvissareiro livro “Salvador Allende, anti-semitismo e eutanásia”, do historiador Victor Farias, a contragosto de muitos e após a resistência de várias editoras chilenas, expõe o passado negro do presidente socialista do Chile.
Allende, como revela o historiador, escrevera em 1933 uma tese chamada “Higiene mental e delinqüência”, propondo a esterilização de doentes mentais, onde se refere pejorativamente à raça judaica, caracterizada “por determinadas formas de delito: estelionato, falsidade, calúnia e, sobretudo, usura”. Mais tarde, quando ministro da saúde do governo do presidente Aguirre-Cerda (1939/1941), defendeu projeto inspirado em uma lei de Hitler, propondo a esterilização especificamente aos doentes mentais que sofressem de esquizofrenia, psicose maníaco-depressiva e alcoolismo crônico. Já presidente do Chile, recusou-se a extraditar o nazista Walter Rauff, inventor do sistema de extermínio em massa com caminhões de gás e responsável direto pela morte de mais de dez mil judeus.Ainda que determinados grupos resistam à boa notícia que o trabalho do Farias nos traz, desmistificando a figura do pusilânime líder esquerdistas que, arraigado ao orgulho e ao amor-próprio, findou-se ao ver arruinado o seu sistema, mais uma vez a justiça acena à verdade histórica que emerge de um lodaçal de falsas vítimas, de enganações sociais e de ilusões políticas no império de mentira que a esquerda sempre tentou impor aos povos.
01/08/2005