sexta-feira, fevereiro 24, 2006

O Papa

Causou incontida emoção, em todo o mundo, a morte do Santo Padre o papa João Paulo II, ocorrido na noite do dia 2 de abril. Os dobres fúnebres das campanas vaticanas ecoaram-se por todo o orbe, ponde-se os cristãos, genuflexos, a orar pelo descanso eterno do Pai da Cristandade, enquanto monarcas e governos, instituições diversas, até aqueles que lhe pareciam hostis, reverenciaram um dos grandes pontífices da Igreja, cujo nome perpetuar-se-á na história, não apenas pelo sensacionalista terceiro maior pontificado ao longo de quase dois mil anos, mas notabilizado por peregrinações pelo mundo, quando o cativante Pastor se aproximava mais de seu rebanho, conquistando-o, primeiramente, pelo idioma e ocupando-se com os problemas do mundo moderno, mais ainda com aqueles que afligiam as almas que lhe foram confiadas. Em seus discursos, cartas, encíclicas etc, atestava o empenho em conduzir a humanidade dentro dos lídimos princípios do catolicismo, atentando-a para os valores primordiais que devem norteá-la, cuja conseqüência haveria de ser um convívio humano próspero e feliz em Cristo, encaminhando o homem à prática da virtude e à salvação eterna.
De uma cultura amplíssima, parecia não existir um ramo do saber que lhe fosse estranho. Embora soberano da Corte mais antiga do mundo, o que marcaram sua vida foram sua bondade, a retidão de sua conduta, a solidez de seus princípios, a coerência de suas atitudes, a sinceridade com que procurava o bem de todos, além do halo sobrenatural que o circundava. Por isso, a tristeza que sua ausência causa a todos, de repente torna-se alegria, ao concluirmos termos vivido sob o governo de um lídimo Vigário de Cristo, em quem vimos a realização da promessa do Divino Mestre: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra Ela”.
Então vemos a grandeza desse que, tirado dentre os homens, com todas as suas fragilidades, é levado ao altar, ornado com a graça do sacerdócio, depois em sua plenitude e, por fim, elevado à cátedra de São Pedro, inserido numa série ininterrupta que vem do Príncipe dos Apóstolos. Ficaria Pedro sem sucessor legítimo, teria a Santa Igreja naufragado em meio as divisões humanas, falhara a promessa de Cristo, se não fosse a presença do papa, confirmação dessa promessa. Essa participação à missão divina do Salvador é inseparável da pessoa de seu Vigário na Terra, donde provém a esperança do povo católico de que um digno sucessor de Pedro seja entronizado, a quem possa contemplar, com amor e confiança, o guia de suas almas nos caminhos da vida eterna, ardente anelo dos que peregrinam neste Vale de Lágrimas.Ao reverenciarmos à memória do Santo Padre o papa João Paulo II, reconhecemos que sua morte é como o apagar de uma luz de brilho singular, que aquecia e iluminava o mundo. Mas a glória maior de seu pontificado esconde-se na santificação daqueles que estiveram sob sua tutela espiritual. Esta, sim, a glória inefável da Santa Igreja, por dentro, na vida da Graça. Por isso “sua memória permanecerá em paz” e ele viverá eternamente.
07/04/2005