Tem-se comemorado, pelo país afora, nos meios políticos, os vinte anos do movimento "Diretas-Já", que mobilizou toda a nação, convocando-a a participar do processo de redemocratização a se desenrolar naquela época. Em Minas, o ponto alto dessa comemoração, até o momento, teve lugar em Ouro Preto, durante as festividades do 21 de Abril. O governador Aécio Neves, neto de um dos líderes do movimento, o presidente Tancredo Neves, presidiu, entusiasmado, a manifestação que lembrava os quatro lustros daquela manifestação nacionalista que, embora sem alcançar o seu objetivo em seu acalorado momento, encorajou a todos os brasileiros a tomarem parte daquele instante cívico que marcaria o limiar de uma nova fase na história da república.
Analisando todo esse processo, vemos quão complexas são as conjeturas que regem o desenrolar e as tratativas políticas no Brasil, e quase nos convencemos de que essas manifestações populares de nada valem, se não houver um interesse por parte dos verdadeiros "administradores", aqueles que decidem as medidas a serem tomadas. Desta forma, tem se desenrolado toda a história do Brasil, desde os seus primórdios. E dois exemplos podemos apresentar, uma vez estarem sendo lembrados no momento: a Inconfidência Mineira e a Revolução de 64.
A Inconfidência Mineira, movimento de cunho puramente nacionalista, ao idealizar a fundação de uma nação, com um projeto compromissado com o desenvolvimento e a valorização dos produtos da terra, gorou por causa da ambição e dos interesses particulares que começaram a aflorar, primeiramente, em seu meio. O povo poderia até ter conhecimento dos planos de um levante contra o domínio português, mas a desconfiança (dizem-na peculiar dos mineiros) e sua completa ausência a engrossar a fileira dos conjurados contribuíram para com o seu malogro. É verdade que grande parte da população não desconhecia o movimento, tanto quanto é verdade não terem, mesmo assim, dele participado, como alguns estudioso sugerem. Caso contrário, aconteceria o levante, mesmo com a devassa. Ainda que sem a participação das massas, o movimento obteria êxito, se fosse do interesse, naquele momento, das potências; a pretensão delas fora apenas desbaratar a conjuração e castigar apenas um, desde que se enquadrasse ao moldes do responsável ideal pelo movimento, ou seja, filho da terra, comprometido claramente com o movimento, fiel às suas idéias e sem nenhum respeito humano quanto a elas.
Na Revolução de 64, mais uma vez, essas "forças ocultas" (como já as denominara o presidente Jânio Quadros) só quiseram atender aos clamores das classes alta e média, uns com os seus interesses pessoais e outros com os seus princípios morais, visivelmente demonstrados nas manifestações de círculos sociais e através das marchas "Com Deus pela Família". Temendo, ingenuamente, o governo fraco e instável de João Goulart, deram uma "procuração" às Forças Armadas para que agissem "em defesa da integridade da Nação". Estas, sequiosas pelo poder desde que se julgaram fortalecidas com a atuação da FEB na 2ª Grande Guerra, acalcanharam a democracia, depondo um governo legitimamente eleito (lembre-se que, embora o fora como vice-presidente, Jango não deixou de ser confirmado no cargo de presidente por ocasião do plebiscito), e acalcanharam também o povo, impondo-lhe um regime ditatorial. Se fosse interesse deles o de atender aos "clamores" de grande parte da população, teriam, sim, deposto, como depuseram, João Goulart, mas convocariam os brasileiros a um pleito a fim de eleger o novo presidente. Mais uma vez, ficaram os brasileiros à margem dos interesses comuns.Finalmente, as "Diretas-Já", mesmo levantando milhões de pessoas em todo o país, não alcançaram o seu objetivo. Ora, o processo de reabertura política começara, alguns poucos anos antes, tomando impulso a partir da eleição do brigadeiro João Batista de Oliveira Figueiredo. Então, era claro que chegaria o momento em que a redemocratização aconteceria plenamente (evitando-se, aqui, algumas reservas acerca desse tema). As "Diretas-Já" venceram no Congresso Nacional, mas só para as eleições seguintes ao pleito previsto para 1985, o que conseqüentemente aconteceria com a promulgação de uma nova Carta Magna. Por isso, as "Diretas-Já" foi apenas mais um movimento popular em nossa história, apresentando-se ter conquistado seu ideal, enquanto, na verdade, foi apenas o pano de boca do que realmente acontecia nos bastidores da história.
Analisando todo esse processo, vemos quão complexas são as conjeturas que regem o desenrolar e as tratativas políticas no Brasil, e quase nos convencemos de que essas manifestações populares de nada valem, se não houver um interesse por parte dos verdadeiros "administradores", aqueles que decidem as medidas a serem tomadas. Desta forma, tem se desenrolado toda a história do Brasil, desde os seus primórdios. E dois exemplos podemos apresentar, uma vez estarem sendo lembrados no momento: a Inconfidência Mineira e a Revolução de 64.
A Inconfidência Mineira, movimento de cunho puramente nacionalista, ao idealizar a fundação de uma nação, com um projeto compromissado com o desenvolvimento e a valorização dos produtos da terra, gorou por causa da ambição e dos interesses particulares que começaram a aflorar, primeiramente, em seu meio. O povo poderia até ter conhecimento dos planos de um levante contra o domínio português, mas a desconfiança (dizem-na peculiar dos mineiros) e sua completa ausência a engrossar a fileira dos conjurados contribuíram para com o seu malogro. É verdade que grande parte da população não desconhecia o movimento, tanto quanto é verdade não terem, mesmo assim, dele participado, como alguns estudioso sugerem. Caso contrário, aconteceria o levante, mesmo com a devassa. Ainda que sem a participação das massas, o movimento obteria êxito, se fosse do interesse, naquele momento, das potências; a pretensão delas fora apenas desbaratar a conjuração e castigar apenas um, desde que se enquadrasse ao moldes do responsável ideal pelo movimento, ou seja, filho da terra, comprometido claramente com o movimento, fiel às suas idéias e sem nenhum respeito humano quanto a elas.
Na Revolução de 64, mais uma vez, essas "forças ocultas" (como já as denominara o presidente Jânio Quadros) só quiseram atender aos clamores das classes alta e média, uns com os seus interesses pessoais e outros com os seus princípios morais, visivelmente demonstrados nas manifestações de círculos sociais e através das marchas "Com Deus pela Família". Temendo, ingenuamente, o governo fraco e instável de João Goulart, deram uma "procuração" às Forças Armadas para que agissem "em defesa da integridade da Nação". Estas, sequiosas pelo poder desde que se julgaram fortalecidas com a atuação da FEB na 2ª Grande Guerra, acalcanharam a democracia, depondo um governo legitimamente eleito (lembre-se que, embora o fora como vice-presidente, Jango não deixou de ser confirmado no cargo de presidente por ocasião do plebiscito), e acalcanharam também o povo, impondo-lhe um regime ditatorial. Se fosse interesse deles o de atender aos "clamores" de grande parte da população, teriam, sim, deposto, como depuseram, João Goulart, mas convocariam os brasileiros a um pleito a fim de eleger o novo presidente. Mais uma vez, ficaram os brasileiros à margem dos interesses comuns.Finalmente, as "Diretas-Já", mesmo levantando milhões de pessoas em todo o país, não alcançaram o seu objetivo. Ora, o processo de reabertura política começara, alguns poucos anos antes, tomando impulso a partir da eleição do brigadeiro João Batista de Oliveira Figueiredo. Então, era claro que chegaria o momento em que a redemocratização aconteceria plenamente (evitando-se, aqui, algumas reservas acerca desse tema). As "Diretas-Já" venceram no Congresso Nacional, mas só para as eleições seguintes ao pleito previsto para 1985, o que conseqüentemente aconteceria com a promulgação de uma nova Carta Magna. Por isso, as "Diretas-Já" foi apenas mais um movimento popular em nossa história, apresentando-se ter conquistado seu ideal, enquanto, na verdade, foi apenas o pano de boca do que realmente acontecia nos bastidores da história.