Dizem que não se sente saudade, senão daquilo que já conhecera. De fato, a saudade é um sentimento atroz, dorido, um espectro a perseguir todo aquele que a sente. E, quem vive intensamente esse sentimento, acaba mantendo um relacionamento íntimo com ele e esse fantasma se torna amigo; se diagnosticada como uma enfermidade, ela se torna crônica.
Tem-se saudade dos tempos vividos (o vate latino dizia: "Hæc olim meminisse juvabit"), saudade dos parentes e amigos que se foram ou daqueles que estão apenas distantes. Mas a saudade mais pungente é aquele que se sente por quem amou: "Se existe dor no mundo que maltrata / É a dor de ter alguém sem nunca tê-lo...", cantou o poeta; neste caso, de ter alguém sem mais tê-lo.
A saudade de um amor é intensa, às vezes mortal. Sente-a por alguém próximo, mas que está distante; devota-lhe veneração, mesmo sendo vítima da indiferença; e a saudade é quem preenche esse vazio, que continua neste estado de vácuo, não obstante completo de lembranças. Isso, certamente, porque quando se ama - como diz um amigo - tudo se sente ao quadrado: se fica feliz, está exultante; se fica triste, está na agonia da morte.
Ausência e saudade andam juntas, esta em conseqüência daquela. A ausência definitiva, em decorrência da morte, logo se assimila e a saudade alia-se a um sentimento de conformidade com a vontade de Deus. Entretanto, a ausência por uma separação, ainda que seja um desígnio de divino, a separação de alguém de alguém que ama será sempre uma vulnera no âmago, que o tempo poderá até encobri-la com uma pele ressecada, porém sensível, podendo tornar a expô-la ao mais leve toque. E a dor novamente será sentida e o sangue da saudade jorrará em borbotões, intensamente, até que uma nova casca se dorme, susceptível ainda ao mais leve toque, ao ver a pessoa amada, ouvi-la, sentir seu perfume, ou prever sua presença.Melhor seria se toda separação fosse mortal, desta forma seria, ela, sim, definitiva. Pois, às vezes, já não se pode mais tocar a pessoa amada, embora ao meu lado; já não mais falar à pessoa amada, mesmo ouvindo-a; já não mais sentir o seu perfume, apesar exalar-se em todo o ambiente um aroma de sedução; já não mais gozar de sua presença, mesmo estando ao seu lado. Nada mais restaria, senão sorver, até a última gota, o cálice da indiferença e, embriagado pela saudade, perdido no vazio de uma ausência, deixar, levado em devaneios, que se efetue a separação definitiva, mortal... Talvez, assim, poder-se-ia permanecer junto à pessoa amada sem que ela sentisse. Egoísmo? Provavelmente o seja. Importa que essa pessoa amada tenha paz, mas para tê-la o amante teria que estar também em paz. E a paz só se sente próximo de quem ama. Logo...
Tem-se saudade dos tempos vividos (o vate latino dizia: "Hæc olim meminisse juvabit"), saudade dos parentes e amigos que se foram ou daqueles que estão apenas distantes. Mas a saudade mais pungente é aquele que se sente por quem amou: "Se existe dor no mundo que maltrata / É a dor de ter alguém sem nunca tê-lo...", cantou o poeta; neste caso, de ter alguém sem mais tê-lo.
A saudade de um amor é intensa, às vezes mortal. Sente-a por alguém próximo, mas que está distante; devota-lhe veneração, mesmo sendo vítima da indiferença; e a saudade é quem preenche esse vazio, que continua neste estado de vácuo, não obstante completo de lembranças. Isso, certamente, porque quando se ama - como diz um amigo - tudo se sente ao quadrado: se fica feliz, está exultante; se fica triste, está na agonia da morte.
Ausência e saudade andam juntas, esta em conseqüência daquela. A ausência definitiva, em decorrência da morte, logo se assimila e a saudade alia-se a um sentimento de conformidade com a vontade de Deus. Entretanto, a ausência por uma separação, ainda que seja um desígnio de divino, a separação de alguém de alguém que ama será sempre uma vulnera no âmago, que o tempo poderá até encobri-la com uma pele ressecada, porém sensível, podendo tornar a expô-la ao mais leve toque. E a dor novamente será sentida e o sangue da saudade jorrará em borbotões, intensamente, até que uma nova casca se dorme, susceptível ainda ao mais leve toque, ao ver a pessoa amada, ouvi-la, sentir seu perfume, ou prever sua presença.Melhor seria se toda separação fosse mortal, desta forma seria, ela, sim, definitiva. Pois, às vezes, já não se pode mais tocar a pessoa amada, embora ao meu lado; já não mais falar à pessoa amada, mesmo ouvindo-a; já não mais sentir o seu perfume, apesar exalar-se em todo o ambiente um aroma de sedução; já não mais gozar de sua presença, mesmo estando ao seu lado. Nada mais restaria, senão sorver, até a última gota, o cálice da indiferença e, embriagado pela saudade, perdido no vazio de uma ausência, deixar, levado em devaneios, que se efetue a separação definitiva, mortal... Talvez, assim, poder-se-ia permanecer junto à pessoa amada sem que ela sentisse. Egoísmo? Provavelmente o seja. Importa que essa pessoa amada tenha paz, mas para tê-la o amante teria que estar também em paz. E a paz só se sente próximo de quem ama. Logo...