O Conselheiro Lafayette Rodrigues Pereira, por influências de família e pelo meio em que viveu, desde cedo se mostrou um liberal. Ao ingressar nos meios acadêmicos na Faculdade de Direito, em São Paulo, Lafayette pôde absorver melhor todo esse pensamento, professando-o de tal forma que se acabou, quiçá, naquele momento, cético, regendo-se pela cartilha dos pensadores modernos de então. Mas, em nenhum momento, perdeu-se, por isso, em delírios, afrontando as instituições e desacreditando-se dos conceitos naturais em que se apóiam a ética e a moral.
Passados os arroubos racionalistas que o envolveram, conseguiu, contudo, um tal discernimento que o levou a interpretar bem sua escola e aplicá-la em seus trabalhos, a ponto de tornar-se um piedoso racionalista, parafraseando um amigo que considera ter sido Salazar um “piedoso agnóstico”. Suas especulações intelectuais fluíram de sua pena em seus artigos jornalísticos, pareceres jurídicos, ensaios etc., concluindo-se, daí, que o aticismo de sua dialética e a firmeza de seus atributos como humanista não eram de uma mente confusa e de opinião susceptível a mutações, senão de uma inteligência larga e de discernimento imediato. Em toda a sua obra literária e jurídica verifica-se o homem de cultura invulgar com profundo conhecimento das diversas correntes do pensamento humano.
Este pequeno preâmbulo sobre sua cultura filosófica e humanista deve-se à curiosidade de entender sua opinião, à primeira vista, antagônica com relação à República, pois em seu pensamento tinham os argumentos que o levara a tornar-se republicano; por isso não se aliou, posteriormente, aos positivistas. Membro do Partido Liberal, que caiu em 1868, foi um dos signatários do Manifesto Republicano, elaborado por Quintino Bocaiúva, em 3 de dezembro de 1870.Passaram-se quase 20 anos. Nesse período, o ilustre queluzense participou ativamente da política do Império do Brasil, com grande apreço de Dom Pedro II, mesmo sendo republicano... E sua concepção de uma República no Brasil conhecemo-la ao ser instaurado o sistema no país, a 15 de novembro de 1889. Estava nos Estados Unidos, como Ministro Plenipotenciário na 1ª Conferência Pan-americana, quando, em missiva à sua idolatrada esposa Francisca de Paula Freitas Coutinho, Lafayette revela sua posição sobre o novo regime: “Mal acabava de saber da tristíssima morte do nosso querido Júlio [seu cunhado], quando me entra pela sala o Dr. Costa, anunciando-me a notícia dos extraordinários e inesperados acontecimentos do Rio de Janeiro. (...) Se nos tivessem dito que essa terra tinha desaparecido debaixo das águas do mar, a nossa estupefação não seria maior! (...) Como compreendes, eu, em hipótese nenhuma, aceitaria a renovação do mandato. (...) Não posso seguir para aí, como tanto desejo, porque valeria o mesmo que ir meter-me na boca do lobo. O governo revolucionário que aí fundaram está exercendo uma perfeita ditadura. A sua única lei é a sua vontade. E nesse governo há um homem que seria capaz de assassinar-me. (...) Eu estou com o meu espírito perfeitamente tranqüilo”. Esta era a opinião de Lafayette sobre a República imposta no Brasil, comemorada na última semana.
Passados os arroubos racionalistas que o envolveram, conseguiu, contudo, um tal discernimento que o levou a interpretar bem sua escola e aplicá-la em seus trabalhos, a ponto de tornar-se um piedoso racionalista, parafraseando um amigo que considera ter sido Salazar um “piedoso agnóstico”. Suas especulações intelectuais fluíram de sua pena em seus artigos jornalísticos, pareceres jurídicos, ensaios etc., concluindo-se, daí, que o aticismo de sua dialética e a firmeza de seus atributos como humanista não eram de uma mente confusa e de opinião susceptível a mutações, senão de uma inteligência larga e de discernimento imediato. Em toda a sua obra literária e jurídica verifica-se o homem de cultura invulgar com profundo conhecimento das diversas correntes do pensamento humano.
Este pequeno preâmbulo sobre sua cultura filosófica e humanista deve-se à curiosidade de entender sua opinião, à primeira vista, antagônica com relação à República, pois em seu pensamento tinham os argumentos que o levara a tornar-se republicano; por isso não se aliou, posteriormente, aos positivistas. Membro do Partido Liberal, que caiu em 1868, foi um dos signatários do Manifesto Republicano, elaborado por Quintino Bocaiúva, em 3 de dezembro de 1870.Passaram-se quase 20 anos. Nesse período, o ilustre queluzense participou ativamente da política do Império do Brasil, com grande apreço de Dom Pedro II, mesmo sendo republicano... E sua concepção de uma República no Brasil conhecemo-la ao ser instaurado o sistema no país, a 15 de novembro de 1889. Estava nos Estados Unidos, como Ministro Plenipotenciário na 1ª Conferência Pan-americana, quando, em missiva à sua idolatrada esposa Francisca de Paula Freitas Coutinho, Lafayette revela sua posição sobre o novo regime: “Mal acabava de saber da tristíssima morte do nosso querido Júlio [seu cunhado], quando me entra pela sala o Dr. Costa, anunciando-me a notícia dos extraordinários e inesperados acontecimentos do Rio de Janeiro. (...) Se nos tivessem dito que essa terra tinha desaparecido debaixo das águas do mar, a nossa estupefação não seria maior! (...) Como compreendes, eu, em hipótese nenhuma, aceitaria a renovação do mandato. (...) Não posso seguir para aí, como tanto desejo, porque valeria o mesmo que ir meter-me na boca do lobo. O governo revolucionário que aí fundaram está exercendo uma perfeita ditadura. A sua única lei é a sua vontade. E nesse governo há um homem que seria capaz de assassinar-me. (...) Eu estou com o meu espírito perfeitamente tranqüilo”. Esta era a opinião de Lafayette sobre a República imposta no Brasil, comemorada na última semana.
14/11/2005