Mais uma vez na história, o povo judeu se levanta, protestando contra algo que lhes parece discriminação. O filme "A Paixão de Cristo", dirigido pelo ator Mel Gibson, lançado ontem, dia 19, no Brasil, tocou num ponto inflamado da relação entre judeus e católicos desde os primórdios da Igreja, mesmo com ecumenismo pós-conciliar. O Filho do Homem, que veio ao mundo para dar testemunho da verdade, a luz que se acendeu para o cativo da graça, que preferiu mais as trevas à luz - tudo isso conforme a doutrina católica, é o protagonista do longa-metragem que, apenas em um dia de exibição nos Estados Unidos, teria arrecadado cerca de US$ 23 milhões.
Só que, nessa querela, a vítima do preconceito tem sido o diretor do filme. Católico de linha tradicionalista, Gibson buscou fundamentar seu trabalho apenas nos relatos bíblicos, aliás, única fonte de pesquisa remanescente daquela época. Com um olhar mais crítico, há quem diga que o próprio diretor é quem teria fomentado a polêmica, alcançado o resultado almejado, ou seja, um recorde em bilheteria.
De acordo com os evangelistas, a morte de Cristo deveu-se unicamente à ira dos anciãos e sumos-sacerdotes, tendo à frente Anás e Caifás, que teriam instigado a turba dos judeus e exigido do governador Poncius Pilatus medidas enérgicas contra aquele que se dizia o Messias. A questão era, portanto, estritamente "familiar"; eles conheciam as Sagradas Escrituras e sabiam que as profecias se aplicavam muito bem sobre Jesus Cristo. Talvez temendo uma reação (ou conversão) do povo que o seguia, recorreram ao rigor do que hoje seria o "braço secular", naquele caso, o Império Romano, árbitro desinteressado por uma causa que não lhe oferecia, então, perigo algum.
Voltando à questão da polêmica que se formou acerca do "A Paixão de Cristo", não há motivos para tantas reações e manifestações por parte dos judeus, como as ocorridas na América do Norte desde o lançamento do filme. Naquele momento histórico, de acordo com as fontes documentais que mais se aproximam daquela época, os responsáveis pela morte de Cristo foram eles, sim, descartando-se, hoje, qualquer hipótese de retaliação contra essa gente por causa de um episódio que se passou há quase dois mil anos. Por outro lado, se o Messias tinha que padecer e morrer para a salvação de todos, alguém teria que possibilitar esse desfecho.Os judeus sempre foram perseguidos - o que, porém, não lhes permite se considerar eternas vítimas , quiçá por ser um povo fiel aos seus princípios, crédulos (mas pouco confiantes) no Javé que os tirou do Egito, levando-os, pelas mãos de Moisés, à Terra Prometida. Os fatos históricos só servem de espelho enquanto possam refletir ações benéficas ao crescimento da humanidade; jamais como um martelo a sentenciar a posteridade. Por séculos, até a bem pouco tempo, os judeus eram um povo sem pátria e sem altar, dispersos pelo mundo, lutando contra o preconceito. A reação de grupos judaicos nada mais é, senão uma conseqüência do trauma de perseguição que trazem consigo desde as mais remotas gerações. Certamente, Mr. Gibson não teve a intenção de fomentar o anti-semitismo, até mesmo por causa da caridade fraterna que, como católico fervoroso que se apresenta, deve reger seus atos. Se ele promoveu um alarido com a sua fita, é provável que o tenha feito somente com vistas ao sucesso da obra. E conseguiu.
Só que, nessa querela, a vítima do preconceito tem sido o diretor do filme. Católico de linha tradicionalista, Gibson buscou fundamentar seu trabalho apenas nos relatos bíblicos, aliás, única fonte de pesquisa remanescente daquela época. Com um olhar mais crítico, há quem diga que o próprio diretor é quem teria fomentado a polêmica, alcançado o resultado almejado, ou seja, um recorde em bilheteria.
De acordo com os evangelistas, a morte de Cristo deveu-se unicamente à ira dos anciãos e sumos-sacerdotes, tendo à frente Anás e Caifás, que teriam instigado a turba dos judeus e exigido do governador Poncius Pilatus medidas enérgicas contra aquele que se dizia o Messias. A questão era, portanto, estritamente "familiar"; eles conheciam as Sagradas Escrituras e sabiam que as profecias se aplicavam muito bem sobre Jesus Cristo. Talvez temendo uma reação (ou conversão) do povo que o seguia, recorreram ao rigor do que hoje seria o "braço secular", naquele caso, o Império Romano, árbitro desinteressado por uma causa que não lhe oferecia, então, perigo algum.
Voltando à questão da polêmica que se formou acerca do "A Paixão de Cristo", não há motivos para tantas reações e manifestações por parte dos judeus, como as ocorridas na América do Norte desde o lançamento do filme. Naquele momento histórico, de acordo com as fontes documentais que mais se aproximam daquela época, os responsáveis pela morte de Cristo foram eles, sim, descartando-se, hoje, qualquer hipótese de retaliação contra essa gente por causa de um episódio que se passou há quase dois mil anos. Por outro lado, se o Messias tinha que padecer e morrer para a salvação de todos, alguém teria que possibilitar esse desfecho.Os judeus sempre foram perseguidos - o que, porém, não lhes permite se considerar eternas vítimas , quiçá por ser um povo fiel aos seus princípios, crédulos (mas pouco confiantes) no Javé que os tirou do Egito, levando-os, pelas mãos de Moisés, à Terra Prometida. Os fatos históricos só servem de espelho enquanto possam refletir ações benéficas ao crescimento da humanidade; jamais como um martelo a sentenciar a posteridade. Por séculos, até a bem pouco tempo, os judeus eram um povo sem pátria e sem altar, dispersos pelo mundo, lutando contra o preconceito. A reação de grupos judaicos nada mais é, senão uma conseqüência do trauma de perseguição que trazem consigo desde as mais remotas gerações. Certamente, Mr. Gibson não teve a intenção de fomentar o anti-semitismo, até mesmo por causa da caridade fraterna que, como católico fervoroso que se apresenta, deve reger seus atos. Se ele promoveu um alarido com a sua fita, é provável que o tenha feito somente com vistas ao sucesso da obra. E conseguiu.