sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Quando Deus é morto

A seqüência de atentados terroristas e o crescimento assustador da violência em todo o mundo levam o homem, numa crise de consciência para alguns, ou tentação contra a fé para outros, a se questionar: “Deus existe?”.
A existência de um ser supremo, de uma força superior, que tenha ordenado e coordena todo o ciclo e evolução da natureza, é inquestionável. O racionalismo não é capaz de manter-se equilibrado, sozinho, em suas teorias; acaba prostrando-se ante as dúvidas que acabam se apresentando, só encontrando respostas ao crer que há algo a regular toda uma ordem natural no universo.
Mas os equívocos que se formam em torno desse tema, ou seja, essa força superior, ordenadora, confundem, não poucas vezes, a inteligência humana, levando os homens a promoverem uma verdadeira barbárie em nome de uma crença. A mais antiga, que ainda prevalece, não obstante inúmeras tratativas diplomáticas, é entre cristãos e mulçumanos. Estes continuam irredutíveis em sua posição radical e, para nossos dias, obsoleta; aqueles primeiros, com um siso aparentemente flexível, revisaram, nos últimos anos, muito de sua conduta, abrindo-se ao diálogo, à tolerância, ou compreensão, assimilando de maneira mais límpida o sentido de liberdade.
Contudo, toda pessoa que goze de uma compreensão lúcida em nossos dias, saberá que o motivo verdadeiro de todo esse processo aterrorizante é de origem mais política do que religiosa. O domínio do mundo, a ânsia pelo poder temporal, sempre foi a razão pela qual a terra, inúmeras vezes, foi regada com o sangue do homem. E nesses momentos beligerantes, sob o olhar do Ser Supremo, sob os olhos de Deus, os homens, todos, não passam de fratricidas.Nesses mesmos momentos, no subconsciente dos promotores dessas guerras estúpidas, certamente uma só é a condenação que lhes toque: DEICIDAS. É quando, então, ainda que não declarem publicamente, intimamente sentem que Deus é morto, pois, na verdade, não lutam por ele (e nem seria possível tal absurdo), ao contrário, lideram essa hecatombe para alimentar o seu amor-próprio, em função do qual se avassalam todos os vícios.