É simplesmente assustador o vandalismo em Lafaiete. Os torpes atentados contra patrimônios particulares e públicos têm sido tão constantes que, às vezes, passam de forma despercebida. Mas, diariamente, orelhões, abrigos de ônibus, lixeiras, bancos e mesas colocadas nas praças e áreas de lazer aparecem quebrados, arrancados e revirados. As pichações, então, parecem ser uma forma de agressão mais violenta ainda. Com uma grafia em talhos agressivos, supondo-se códigos sabe-se lá do quê, é impossível entender se se trata de uma profecia, impropério ou simples irreverência; uma poluição visual, além do dano causado ao proprietário do bem pichado. Além dessas e mais algumas outras formas que bem mostram o vandalismo em nosso meio social, existem aqueles que se manifestam transitando pelas ruas com som ligado e em alto volume no automóvel, promovendo desordens pelas ruas, esmurrando portas, quebrando vidros. Esses "predadores" sociais devem trazer no sangue bastante remota, mas fortemente ativa, algum caractere de um antepassado bárbaro, também vândalo, como aqueles que cuidaram em assolar grande parte da Europa e África em priscas eras.A situação não é simples, meramente uma anarquia. Mais que uma explosão de rebeldia, é a conseqüência de décadas de descaso para com um submundo que foi se armando e, sem nenhum plano estratégico, deixou apenas extravasar todo o seu instinto, uma audácia que não perdoa a ninguém, nem a eles próprios. Em Lafaiete, prédios de repartições públicas, bustos, placas de sinalização, enfim, tudo o que se torna um alvo fácil, principalmente quando se trata de um patrimônio público, ou histórico, ou artístico ou religioso. Infelizmente, poucas vezes esses infratores recebem uma lição, como no caso de um menor que, há alguns anos, após ter sido descoberto como sendo o autor de algumas pichações na sede da Cohab, foi obrigado a apagá-las. Ante toda essa confusão, esses atentados que vem criando barreiras na convivência humana e dominando as elites, toda a população de Lafaiete deve ser conclamada a uma mobilização geral contra essas agressões morais e éticas desferidas na sociedade. O Poder Público tem feito sua parte e em momento algum tem se omitido quanto à gravidade do problema. Mas é preciso mais do que isso. Necessita-se urgentemente que a própria sociedade tome consciência que esses episódios constituem uma anormalidade que só tende a crescer. Hoje, estão destruindo bancos, lixeiras, monumentos; amanhã os vândalos estarão atacando as casas; aliás, algumas já foram, com pichações e depredações. O direito que cada cidadão tem de liberdade de ir e vir está se tornando vilipendiado, inibido por aqueles que querem dominar os meios em que vivem, e a isso toda a população tem que reagir, denunciando à Polícia toda e qualquer anormalidade. O vandalismo é o prenúncio da violência e o arauto que a mantém firme, de pé, como uma milícia beligerante. Se os vândalos querem guerra, que a tenham, mas não da forma como a promovem. Deverão sentir o peso do braço secular a condená-los e castigá-los por suas ações. E todos têm que contribuir para que essa Justiça seja feita.