Em Lafaiete, são poucos os monumentos setecentistas e oitocentistas sobreviventes à epidemia iconoclasta que acometeu os reservatórios da cultura de nosso povo, com maior violência no século das luzes que findou há pouco, visto muitos não terem se interessado, colocando abaixo essas testemunhas co-participantes de nossa História.
A sadia soberba que ora floresce no meio intelectual da bicentenária Queluz tem despertado deveras o interesse pelas cousas que não só refletem o fausto de um período, como marcam uma determinada época. Uma eclosão de valores, sentimentos, idéias, nos detalhes de um altar, nas cores e ornamentos dos painéis, na imponência das construções abastadas e na singeleza daquelas outras, erguidas com modéstia, mas, cada qual, com sua peculiaridade e seu valor, seja ele artístico ou histórico. Houve as construções realizadas em momentos de muita fartura, como também aquelas feitas a longo e custoso prazo, já em um tempo de decadência e às vezes até de miséria.
Encontramos inúmeras justificativas para o desaparecimento de grande parte de nosso patrimônio; umas compreensíveis - se assim podemos dizer -, outras inadmissíveis. Consideremos compreensível a perda de um monumento por falta de estrutura, em uma época em que ainda não existiam recursos tão avançados - muito comuns na atualidade - e aqueles outros que se perderam pela crueldade do fogo e das intempéries. É inadmissível, porém, a perda de um monumento por descuido de seus proprietários, para ceder lugar a novas construções, o que foi muito comum no início do século 20, quando a moda era o palacete em estilo neoclássico; aliás, esses já velhos palacetes, que também não deixaram de marcar época, hoje estão dando lugar às construções de cimento armado, sem nenhum gosto artístico. Há, também, os costumeiros casos de famílias tradicionais que, após talharem e retalharem seus fabulosos espólios, deixaram cair nas mãos dalgum desavisado herdeiro um edifício histórico que ele jamais soube como preservá-lo, além do desinteresse e da falta de condição financeira; restando, então, ao finório negocista, vender o bem de família herdado. O comprador, sem motivos sentimentais para conservar o imóvel, e muitos menos preocupado com preservação de patrimônio, o põe abaixo, muitas vezes interessado em um dinheiro fácil ou presunçoso em exibir mais uma construção em novo e moderno "design".
Por causa desse desespero, desapareceram muitos sobrados e sedes de fazendas, sendo, alguns deles, reconstruídos em outros lugares. Por estas Minas, quantas igrejas foram abaixo e seus altares, imagens, vasos sagrados etc., uns levados a leilões, outros vendidos - e até presenteados - no que chamamos de "na calada da noite", hoje recolhidos em antiquários por esses brasis e pelo mundo afora!... É uma responsabilidade muito grande a preservação dessas edificações e seus patrimônios, o que não poderá ser, jamais - em uma época de grande tecnologia, com recursos surpreendentes -, motivo para deixarem o destino dos monumentos que ainda restam à sorte das intempéries da natureza e do homem, esta última a mais cruel e avassaladora.Em Lafaiete, muito pouco resta dos séculos 18 e 19 e até os estilos do último século já começaram a sofrer ataques. Tudo isso em conseqüência de uma má formação cultural da população. Que as autoridades competentes lutem pela preservação do pouco que ainda resta, antes que seja tarde demais.
A sadia soberba que ora floresce no meio intelectual da bicentenária Queluz tem despertado deveras o interesse pelas cousas que não só refletem o fausto de um período, como marcam uma determinada época. Uma eclosão de valores, sentimentos, idéias, nos detalhes de um altar, nas cores e ornamentos dos painéis, na imponência das construções abastadas e na singeleza daquelas outras, erguidas com modéstia, mas, cada qual, com sua peculiaridade e seu valor, seja ele artístico ou histórico. Houve as construções realizadas em momentos de muita fartura, como também aquelas feitas a longo e custoso prazo, já em um tempo de decadência e às vezes até de miséria.
Encontramos inúmeras justificativas para o desaparecimento de grande parte de nosso patrimônio; umas compreensíveis - se assim podemos dizer -, outras inadmissíveis. Consideremos compreensível a perda de um monumento por falta de estrutura, em uma época em que ainda não existiam recursos tão avançados - muito comuns na atualidade - e aqueles outros que se perderam pela crueldade do fogo e das intempéries. É inadmissível, porém, a perda de um monumento por descuido de seus proprietários, para ceder lugar a novas construções, o que foi muito comum no início do século 20, quando a moda era o palacete em estilo neoclássico; aliás, esses já velhos palacetes, que também não deixaram de marcar época, hoje estão dando lugar às construções de cimento armado, sem nenhum gosto artístico. Há, também, os costumeiros casos de famílias tradicionais que, após talharem e retalharem seus fabulosos espólios, deixaram cair nas mãos dalgum desavisado herdeiro um edifício histórico que ele jamais soube como preservá-lo, além do desinteresse e da falta de condição financeira; restando, então, ao finório negocista, vender o bem de família herdado. O comprador, sem motivos sentimentais para conservar o imóvel, e muitos menos preocupado com preservação de patrimônio, o põe abaixo, muitas vezes interessado em um dinheiro fácil ou presunçoso em exibir mais uma construção em novo e moderno "design".
Por causa desse desespero, desapareceram muitos sobrados e sedes de fazendas, sendo, alguns deles, reconstruídos em outros lugares. Por estas Minas, quantas igrejas foram abaixo e seus altares, imagens, vasos sagrados etc., uns levados a leilões, outros vendidos - e até presenteados - no que chamamos de "na calada da noite", hoje recolhidos em antiquários por esses brasis e pelo mundo afora!... É uma responsabilidade muito grande a preservação dessas edificações e seus patrimônios, o que não poderá ser, jamais - em uma época de grande tecnologia, com recursos surpreendentes -, motivo para deixarem o destino dos monumentos que ainda restam à sorte das intempéries da natureza e do homem, esta última a mais cruel e avassaladora.Em Lafaiete, muito pouco resta dos séculos 18 e 19 e até os estilos do último século já começaram a sofrer ataques. Tudo isso em conseqüência de uma má formação cultural da população. Que as autoridades competentes lutem pela preservação do pouco que ainda resta, antes que seja tarde demais.
17/11/2005