sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Às vésperas de mais um pleito, torna-se oportuno meditar sobre a realidade política de Conselheiro Lafaiete. É bem provável que só no futuro entenderemos o processo social e político pelo qual passamos, isso se houver uma firmeza ideológica nas pessoas, nos empreendimentos, nas instituições, o que muitas vezes parece não existir. A falta de convicções, de uma linha de raciocínio que bem defina e justifique o desenrolar de um acontecimento, de uma luta para o bem da comunidade, pode parecer debalde para o crescimento social, inda que não o seja. E isso pôde-se constatar ao longo de toda a campanha eleitoral, mormente nas últimas semanas, quando o desespero em assegurar a vitória nas urnas levou alguns candidatos a lançarem mão de todos os argumentos e artifícios, até dos mais baixos.
Dizer que os políticos locais nada fazem pela cidade, que as diversas instituições trabalham apenas para um beneficiamento particular e restrito, que as pessoas não buscam participar ativamente do desenvolvimento a atingir o bem comum, seria injusta afirmação. De fato, os políticos têm feito muitas benfeitorias para a cidade, as instituições, em seus diversos setores, também vêm trabalhando em prol do desenvolvimento de Lafaiete e a comunidade, por sua vez, não se omite e, pelo que se vê, procura colaborar nas diversas circunstâncias. Entretanto, cada qual a seu modo. Aí, então, é que se encontra o motivo de toda a leviandade do sistema que move as atitudes no dia-a-dia. O que no início parecia ser inconsistente, hoje tomou um certo impulso e, sem ser consistente, move a atual engenhoca social.
Isso tudo pode parecer divagações em torno de temas complexos e opiniões variadas, mas é o motivo que faz do Estado e, em nosso caso, do Município uma mera circunscrição administrativa; das instituições, clubes de livres pensamentos sem ameaçar a integridade do Estado, já que ele não passa, como já dissemos, de uma mera circunscrição administrativa e comprometida com as instituições, cujos membros de um e de outro se alternam; enfim, o povo é sempre o povo, jamais se levanta, senão impulsionado pelas instituições quando se sentem em perigo e cedem a vez ao povo, para que este vá iludido clamar pelos direitos daquelas, pensando ser os dele.
A cartilha é uma só para todos, a cartilha iluminista; e para se mostrarem intelectuais e sem compromisso com qualquer corrente ideológica, qualquer credo ou cultura, muitas vezes declaram com ela: "nossa finalidade é a difusão da cultura, combater a existência de dogmas e preconceitos religiosos, econômicos, políticos, morais e sociais em que se baseia a ignorância que retarda a realização das aspirações que norteiam os povos". No entanto, seus princípios se confundem e contradiz essa sentença com uma significativa diferença: o que abominam muitas vezes é a verdade, preferindo a mentira por ser o que melhor lhes convém. Em suma, é unicamente uma luta pelos direitos e interesses particulares.
E a campanha eleitoral de 2004, com a exceção de alguns candidatos, foi o espelho que refletiu tudo isso, principalmente o interesse particular. Os eleitores foram, mais uma vez, desrespeitados, enquanto alguns candidatos brigavam para assegurar o cobiçado cargo a que se apresentam, dando um público testemunho da mediocridade a que servem, do sentimento pequeno, sustentado pelo amor-próprio, em prejuízo para Lafaiete e para os lafaietenses. Que o povo tenha consciência e não se deixe levar pelo “canto da sereia” de alguns candidatos que tentam iludi-lo com promessas (e ainda a fazem!) imbecis, com críticas infundadas e argumentos sem lógica.