segunda-feira, julho 28, 2008

Em ano de eleições

Além das vagas que se dispõem para as próximas eleições, duas recentes leis sancionadas pelo prefeito de Conselheiro Lafaiete aguçam, um pouco mais, o interesse de alguns candidatos deste ano. O prefeito receberá na próxima gestão cerca de R$ 15 mil e os vereadores em torno de R$ 5,8 mil. Uma realidade no quadro político do Brasil, indistintamente, salvaguardando-se, contudo a honra de muitos que se pautam pelos princípios morais e éticos que não lhes permitem de envolver em conluios espúrios, subentende-se, porém, infelizmente, que política seja derivado de corrupção.
Mas a população se vê quase que induzida a se permitir um juízo temerário sobre este tema. Pois veja: para ser admitido em qualquer emprego público, por mais simples que seja, exige-se uma ficha criminal tão impoluta quanto os processos de canonização da Igreja, sem falar na exigência de escolaridade cada vez mais enriquecida de cursos, especializações, graduações, pós-graduações, mestrados etc. Todavia, para se candidatar a um cargo público (político), nem tanto. Temos observado a Justiça Eleitoral minuciosa na análise dos processos de candidatura. Entretanto, o tradicional “jeitinho brasileiro” acaba dando uma concessão no item x, do parágrafo tal, de um determinado artigo de uma lei que foi criada, possivelmente, para facilitar os trâmites daqueles que ainda não conseguiram sublimar seus mais sórdidos instintos.
Por isso, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) estão empenhadas, já com o apoio de diversas outras instituições, para uma reforma política no país. As propostas são para alterações a partir do sistema eleitoral, onde a influência dos famigerados lobistas, atiçando a ânsia de poder e de influência de alguns políticos. Ao se propor uma mobilização popular, essas instituições querem fazer valer os princípios democráticos da República e o envolvimento de todos os brasileiros, conscientes de suas reivindicações, em prol do respeito à cidadania, desestruturação de uma representatividade meramente elitista e a consolidações de uma ampla conscientização sobre o papel de cada um no todo.

(Publicado como Editorial do Jornal Correio da Cidade, edição 916, de 26/7 a 1º/08/2008)

sexta-feira, julho 18, 2008

Pesadelo chinês

Nos últimos dias, o noticiário da TV falava sobre a situação ambiental da China, às vésperas das Olimpíadas que, este ano, acontecem em Pequim. O governo daquele país não teria cumprido o que prometera ao Comitê Olímpico, para que o evento lá se realizasse. E só agora a imprensa mundial começa a atentar-se para a real situação daquela Nação, principalmente a partir do momento em que começam a sentir tolhida sua liberdade e a observar que os veículos de comunicação chineses sofrem com a censura.

Interessante que, tanto o Comitê Olímpico, quanto os países que participarão das Olimpíadas, parecem desconhecer que a China é um país que padece sob o regime comunista, com todas as suas atrocidades. Será possível que o pranto silente dos oprimidos na China não se faz ouvir cá no Ocidente? O poderio bélico é uma ameaça, sim, mas deve existir um meio, desde a Organização das Nações Unidas, para desestruturar essa ilusória potência que se mantém à força de prisões, expropriações e corrupção.

Com a facilidade de comunicação e veiculação de notícias por meio da internete, foi elaborado um blog, entre muitos outros, que chama a atenção dos leitores para as atrocidades cometidas naquele país. É o http://pesadelochines.blogspot.com que deveria ser consultado por todos que têm acesso à web. Nele encontram-se relatos do cotidiano político e social da China, onde o pensamento, o comportamento e a religião são controlados de tal forma que a população se torna cativa de um sistema que lhes priva de liberdade, tornando as pessoas meras peças numa composição social que busca, tão somente, o produzir.

Antagonicamente, a China é, hoje, um país onde só a população sofre a opressão comunista e o Estado se beneficia da força econômica que o mantém. Embora algumas medidas tornaram-se necessárias nos últimos anos, para “distrair” os outros países, como a abolição do culto às personalidades e os governos vitalícios, a China está longe de ser um país democrático, como essas pequenas mudanças procuram sugerir.

Enquanto a China é lembrada, na maioria das vezes, no Ocidente, pela sua cultura milenar e como guardiã de uma rica filosofia, ficam os chineses a sofrer naquele imenso campo de concentração comunista, sem poder pensar, sem poder professar sua fé, sem poder viver. É para lá que as atenções estarão voltadas nos últimos dias...

quarta-feira, julho 09, 2008

O Ano Paulino

Nas primeiras Vésperas da Solenidade de São Pedro e São Paulo, o Santo Padre Bento XVI inaugurou o Ano Paulino, que será encerrado no próximo ano, na festa dos Apóstolos que foram as colunas do pórtico principal da Santa Igreja. Comemorando os dois mil anos do nascimento de São Paulo, o Papa propõe a reflexão da figura de Apóstolo dos Gentios para o Cristianismo. Na cerimônia, celebrada na Basílica Maior de São Paulo For dos Muros, um encontro significativo marcou a comemoração, o Patriarca do Ocidente (Bento XVI) e o Patriarca Ortodoxo de Constantinopla, chamado também de Patriarca do Oriente (Bartolomeu I). A aproximação iniciada ao tempo do Beato João XXIII, após uma ruptura de cerca de 1.500 anos, teve, no atual Pontificado, dois momentos marcantes: o primeiro quando Bento XVI visitou o Patriarcado de Constantinopla e agora, na Cidade Eterna.
A presença dos prelados e sacerdotes ortodoxos junto na Igreja Romana, desde o Concílio Ecumênico Vaticano II, a cada dia marcam mais e mais a reaproximação de um distanciamento que marcou os primórdios do Cristianismo, em meados do primeiro milênio. O momento em que a comemoração jubilar do Apóstolo Paulo move toda a cristandade, quis o Santo Padre que a ela se unissem esses filhos diletos, depósitos da fé primitiva, guardiões de uma cultura religiosa milenar, vislumbrando a conquista de novos campos de diálogo, a superação das diferenças que os divide e, quiçá, ainda que num porvir distante, uma definitiva união daquela Igreja em que a figura de Paulo é tão expressiva, haja visto sua atuação, principalmente, como bispo em Jerusalém, Antioquia, Chipre e Grécia.
“Este homem deve levar meu nome aos gentios, aos reis e aos filhos de Israel” – esta foi a determinação divina a Ananias. E hoje, num mundo hedonista em que as pessoas se cedem ao pragmatismo e os valores se confundem no relativismo, as Cartas Paulinas instruem sobre a disposição para seguir o Cristo. “O chamado a ser o mestre dos povos é ao mesmo tempo e intrinsecamente um chamado ao sofrimento na comunhão com Cristo, que nos redimiu mediante sua Paixão. Em um mundo no qual a mentira é potente, a verdade se paga com o sofrimento”, destacou o Santo Padre em sua homilia, indicando que o sofrimento do Apóstolo “o torna confiável como mestre de verdade, que não busca seu próprio proveito, a própria glória, o prazer pessoal, mas se empenha por Aquele que nos amou e se entregou por todos nós”. É esta a nossa missão.