Por muitos séculos, a virilidade do homem foi demonstrada pela sua força física e pelo poder. Perdeu-se, assim, o sentido sobrenatural, que é a força do espírito, a virilidade cristã, resgatada pelo sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ora, perdera o homem a força viril, sã e admirável, que emanou de Deus na criação a partir da desobediência dos primeiros pais. Ele, porém, não a restabeleceu, embora pudesse, porque, conforme explica o padre José Meireles Sisnando, "seu poder de amor não se satisfaz em refazer 'como d'antes', mas a 'inventar' (=providenciar) o 'melhor do que antes'" (cf. in Reflexões sobre a virtude da força cristã).
Ainda hoje bafeja aos ouvidos, principalmente dos jovens, a sedução diabólica: "Sereis como deuses" (Gen3,5). E a esse impulso respondem prontamente com a arrogância, a agressividade ao próximo e à ordem natural das coisas. A conseqüência disso tudo é a violência crescente, é o relativismo da ética na sociedade hodierna, a dominação pela deturpação ideológica, a permissividade, enfim, a entrega a todos os vícios capitais. O que pensam ter conquistado pela virilidade, conquistaram, equivocadamente, pela tibieza do espírito.
O Santo Padre Bento XVI, quando de sua viagem a Polônia, numa de suas alocuções, admoestou aos católicos para que "sejam fiéis guardiões do depósito cristão e transmitam-no às gerações futuras. Estejam vigilantes, estejam firmes na fé, sejam fortes, tenham ânimo; e façam todas as obras na caridade". Esses são os exercícios essenciais que permitirão uma robustez espiritual para enfrentar as adversidades com que o mundo, a carne e o demônio desafiam o homem.
A força peculiar de um lídimo cristão é aquela que se nutre na contemplação dos mistérios divinos; é a força vitoriosa do Espírito, que se conquista somente após rebaixar-se e reconhecer sua fragilidade, sua própria impotência, permitindo, então, que a graça invada, sempre e mais, a alma. Assim, ter-se-á a heroicidade dos irmãos Macabeus, na confiança e na coragem no esforço, pois "agradam ao Senhor somente os que O temem e confiam em sua misericórdia" (Ps146,11). Só a partir daí se estará preparado para o Pentecostes pessoal, em que se renascerá, pela graça, com a virilidade cristã. Tal será a vitória do homem fraco sustentado pela força do Espírito.