No dia 9 de outubro, celebrou-se o cinqüentenário da morte do Papa Pio XII, o Pastor Angelicus. Um dos grandes pontífices da História da Igreja, marcou significativamente o século XX pelo momento histórico em que viveu. O início de seu pontificado coincidiu amargamente com o eclodir da Segunda Grande Guerra Mundial. Aliás, a prudência com que o Santo Padre agiu durante esse período de beligerância entre o Eixo e os Países Aliados custou-lhe a infâmia de ter sido conivente com o Terceiro Reich. Mesmo com mais aprofundados estudos, muitos ainda sustentam essa calúnia, com o vil intento de macular a honra do papa Pacelli e comprometer a Santa Igreja com as atrocidades cometidas, principalmente, pelo Nazismo. Se não bastasse esse triste período (1939-1945), seguiram-se os anos da Guerra Fria, em que o Bispo de Roma também teve que portar-se com muita diplomacia, até mesmo por causa das vítimas católicas do regime comunista no leste europeu.
Mas foi durante o pontificado desse grande Papa que o mundo também passava por grandes transformações sociais e avanços tecnológicos. E para cada uma dessas situações, muitas delas inusitadas, teve Pio XII uma palavra especial, não superficial, ao contrário profunda de conhecimento, a ponto de advertir sobre possíveis danos no plano social como em questões éticas e morais. Ciência, literatura, medicina, cinema, esporte, política, filosofia, além de temas específicos relativos à fé cristã, por todos esses campos discursou o Santo Padre com muita sabedoria e unção.
Durante a Santa Missa celebrada em sufrágio de sua alma, no dia 9, o papa Bento XVI destacou a santidade de Eugênio Pacelli ao abandonar-se “nas mãos misericordiosas de Deus”, ciente de que “só Cristo é a verdadeira esperança do homem” e “apenas confinado nele, o coração humano pode abrir-se ao amor que vence o ódio”. E enquanto se celebra na Cidade Eterna o Sínodo dos Bispos, em que tem por tema “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, Bento XVI lembrou-se da encíclica “Divino Afflante Spiritu”, de 1943, em que seu antecessor “estabelecia as normas doutrinais para o estudo da Sagrada Escritura, manifestando sua importância e seu papel na vida cristã”.
Bento XVI admitiu que, “infelizmente, o debate histórico sobre a figura do Servo de Deus Pio XII, não sempre sereno, evitou que se colocassem à luz todos os aspectos de seu polivalente pontificado”. Deus louvado, novos estudos cientificamente comprometidos vão como que reescrevendo a história desse grande homem do século XX, Pio XII, o lídimo Papa da Paz.