sexta-feira, agosto 22, 2008

Em campanha

A campanha dos candidatos para as próximas eleições teve mais um impulso na última semana, com o início dos programas no rádio e na TV. Hoje não vemos mais os abusos cometidos em eleições passadas, com muros e postes forrados de propaganda, calçadas alcatifadas de cédulas, outdoors dominando todo o panorama da cidade, carros de som pelas ruas, durante todo o dia, com jingles apelativos e cansativos. Numa feliz hora, moralizou-se essa pressão psicológica a partir da pressão visual e auditiva.

Agora, os candidatos têm que se comportar direitinho, para conquistarem, com muita simpatia e educação, os votos necessários para a eleição. Tarefa árdua, porque ainda tem o quociente eleitoral adotado, dificultando ainda mais o sufrágio nas urnas. Pelas ruas, deparamo-nos com modestas placas, rigorosamente dentro das medidas permitidas pela lei, confeccionadas, muitas vezes, com esmero por empresas publicitárias, de acordo com a pecúnia disponível para gastar com a campanha. Sorridentes, fisionomia geralmente “tratada” em softwares especializados para tal, slogans criativos e chamativos estão estampados nas calçadas, discretamente, porém em pontos estratégicos, disputando a percepção dos transeuntes.

O mais interessante nisso tudo é a forma como se apresentam. Figuras bem vestidas, outras discretas, às vezes informais, a sisudez e a desenvoltura expressam, ora uma, ora outra, o perfil do candidato, isso quando confunde o eleitor, denotando falta de seriedade com o que se propõe. São os apelidos, desde os mais corriqueiros aos esdrúxulos. Assim, temos o Fulano da Padaria, o Sicrano do Açougue, o Beltrano da Gerarda (só para ilustrar); ingênuos, se não fossem as apelações sugerindo até desrespeito, não por si, mas com os eleitores, como se se tratasse de imbecis, pessoas pouco providas de discernimento, sendo quase preciso - como caçoam os jovens - desenhar para melhor compreender.

Salvo engano, em Lafaiete não lançaram mão de alcunhas depreciativas ou ofensivas para se apresentarem à população; mesmo assim, ainda são muitos. É de se preocupar quando esses apelidos, engraçados ou pouco polidos, enquanto se destacam pela comicidade, aludem o oportunismo, associando a pessoa ao segmento em que está inserido. O eleitor que não procura conhecer melhor o seu candidato, muito menos saber o seu nome correto, o que se espera dele? Não poderá nunca reclamar alguma cousa, pois será recebido, quiçá ouvido, com tão pouca importância, quanto a que dispensou ao processo democrático da eleição dos candidatos ao cargo público.