Começou a corrida eleitoral e já se pode ver a repetição dos mesmos erros, pelo menos no discurso. Depois, quando se abrem as urnas e o resultado surpreende “até o mais indiferente” – como costuma citar o Frei Tibúrcio – como a frágil vítima de um adultério entregam-se ao questionamento: “onde foi que eu errei?” Muito simples. Basta ouvir, atentamente, com frieza, racionalmente, os discursos inflamados proferidos durante a campanha e logo se encontram os motivos pelos quais não conquistaram a simpatia e, muito menos, a confiança dos eleitores.
Em Conselheiro Lafaiete começaram já os pronunciamentos dos candidatos. O Jornal CORREIO, além de apoiar a iniciativa do Sindicato do Comércio varejista de sabatiná-los, está publicando, há duas semanas, uma série de entrevistas com todos os “prefeitáveis”, abordando um determinado tema a cada edição. Na primeira semana foi sobre a expansão industrial da região e os reflexos no municípios e, esta semana, acerca da situação da saúde. Neste pouco tempo conseguimos perceber os projetos de cada um, ou seja, nada tem de convincente.
Indistintamente, alguns caem no equívoco de ficar apenas apontando erros alheios, sem apresentar uma proposta que possa suprir as carências que atingem diretamente a população. Outros, talvez por ingenuidade, imaginam seus eleitores mais simplórios ainda para assimilarem – para não dizer acreditarem – nas suas propostas de governo. Depois, ele ainda insiste em acreditar que foi traído pelos amigos, pelos correligionários, pelos seus eleitores; nunca que o fracasso foi o seu discurso, ora fraco e sem sentido, ora virulento e assustador.
A proposta deve ser necessária, exeqüível e beneficente à população e ao município. O que as pessoas querem ouvir? É a certeza de um ordenamento orçamentário que possibilite mais o desenvolvimento de Conselheiro Lafaiete; é uma política que viabilize uma segura expansão industrial, não apenas rebarbas de um proveito que acaba se transformando num caos social para os lafaietenses, com o aumento do custo de vida e de todo tipo de desordem social; a saúde não quer apenas mais profissionais para atender a população, mas estrutura-física condizente (e o Hospital Regional?); na educação, não basta apenas garantir vagas para crianças e jovens nas salas de aula, necessita-se de qualidade de ensino, professores bem qualificados e atualizados; a segurança pública tem uma parcela de responsabilidade que cabe ao município, não só aos órgãos competentes do Estado.
Quem quiser ganhar as eleições, deverá estar em sintonia com o que o eleitor quer ouvir e fale de forma seja compreendido. O erro de muitos é julgar-se onipotente em sua fala; aliás, Claude Pepper, político norte-americano, dizia que “o erro de muitos políticos é esquecer que foram eleitos; ficam achando que foram ungidos”.