Na ânsia de emancipação em relação a Deus e à sua Revelação, o homem cortou as ligações com os princípios da ordem natural, separou a fé e a razão. Ora, ensina o Magistério da Igreja que "a reta razão demonstra as bases da fé e, esclarecida por ela, cultiva a ciência das coisas divinas; e a fé, por sua vê, livra e defende a razão dos erros e lhe proporciona inúmeros conhecimentos" (Const. de Fide Catholica, "Dei Filius", D nº 1.799). Mas isso gerou a Revolução e, esta, promoveu o liberalismo, o naturalismo e o racionalismo. Deificaram a razão, cavando abismos e levantando muralhas; forjaram uma liberdade, sem os fundamentos da verdade. Com este espírito fez-se a Revolução, cujos frutos sazonados a humanidade colhe e saboreia, alimentando a livre interpretação dos valores éticos e morais e dos princípios em que se baseiam.
Essa Revolução é quem advoga a liberdade de pensamento e a liberdade de expressão, subterfúgio mor para propalar aos quatro ventos os mais absurdos conceitos, contaminando todos os meios sociais, principalmente aqueles sem formação e, pior ainda, sem capacidade de discernimento. E isso pode-se verificar a cada dia, principalmente quando a eficiência dos meios de comunicação cuidam em trazer-nos o máximo de informações possíveis, até as mais hediondas, como o tão explorado cruel assassinato da menina Isabella Nardoni, desrespeitada que está sua memória pela incessante investigação, como se pretendesse exaurir a disposição de todos, até da Justiça, em solucionar o caso.
A confusão de valores que prevalece em meio à sociedade atual, quiçá decorrente um distanciamento, cada vez mais intenso, dos princípios cristãos não pode continuar. Para contê-la, basta buscar nos relatos históricos a exemplo que nos deixaram aqueles que nos antecederam e restaurar, por exemplo, a prioridade da voz da Santa Igreja, que possui os meios para refrear o desvario da humanidade que se perde em desatinos. E deparamo-nos com um sermão proferido pelo cardeal Augusto Álvaro da Silva, em 1927, quando uma igreja, na Bahia, foi profanada e o Santíssimo Sacramento ultrajado - sinal de uma sociedade em decadência - e se atenta para a sua responsabilidade:
"Meus caríssimos irmãos, não é a vós que me dirijo agora; não, não é a vós. É a Ele, a Jesus Sacramentado! Não é a vós, que sentis também sobre a fronte, vergada ao peso do opróbrio, o raio inflamado da justiça de Deus! Não é a vós, que atirais aos ventos os gemidos de uma aflição sem termo! Não é a vós. É a Ele, no Santíssimo Sacramento! - É a Ti, ó Jesus, realmente aqui sobre este altar, nas mesmas espécies sacramentais em que foste vítima adorável de Teu amor para conosco! É a Ti, Senhor, que se elevam os meus brados de aflição... Nós Te sabemos horrivelmente ofendido na profanação de um dos filhos que me deste, que ousou levantar, contra Ti, mão sacrílega! - Não foi um só o criminoso! Foi meu também. Porque Pastor não fiz chegar, até este infeliz, as vozes claras na presença real... 'Ai de mim porque calei!'".