A recente visita do Santo Padre aos Estados Unidos foi como um reafirmar da posição da doutrina da Igreja Católica, muitas vezes dissonante da voragem de um mundo capitalista, que tem como almenara dessa ideologia perniciosa a América do Norte. Durante sua estadia nos Estados Unidos, Bento XVI apresentou-se como o lídimo Vigário de Cristo que foi levar conforto aos desamparados, dar direcionamento aos desnorteados, defender os oprimidos, apontar os impiedosos, pregar por uma sociedade regida pelos princípios cristãos, sob o reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ninguém pode deixar de admitir a austeridade do Bispo de Roma, o Pedro de nossos dias, destemido, ao se indignar com o mau procedimento de alguns padres, repreendendo-os com energia; ao alertar as autoridades daquela grande Nação da importância de um caminhar pari passu com outros países, com atenção especial para aqueles considerados do terceiro mundo; ao falar de paz no fórum das mais expressivas lutas pela ordem mundial, assegurando o bem-estar da humanidade, a Organização das Nações Unidas; ao reafirmar aos seus bispos o múnus episcopal e descortinar para o seu rebanho um mundo que, sem Cristo, não superará as ansiedades políticas e sociais que tanto tormentam.
"Petrus autem taceat". Penso, contudo, que um dos mais significativos momentos da visita do "doce Cristo na Terra" - nas palavras de Santa Catarina de Sena - aos Estados Unidos foi quando se silenciou diante do Ground Zero. Genuflexo, em oração, foi um dos mais altissonantes discursos proferidos na América do Norte. O silêncio de Bento XVI era o sufrágio pelas vítimas da tragédia de 11 de setembro de 2001; era o grito contra a prepotência das grandes Nações; era o clamor pelas almas que se perdem para a voracidade da ambição, do poder, da opressão; era o protesto contra a loucura em nome de uma pseudo fé; era a oração por um mundo que se perde sem Deus.
Porém, o papa taciturno diante do Ground Zero respondia aos muitos questionamentos de um mundo paganizador. Com uma sobrenatural missão profética, advinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, naquele areópago da civilização moderna, o Patriarca do Ocidente, silente, levanta sua voz e incita a construção de um mundo mais humano e solidário, na perspectiva dos Santos Evangelhos e da doutrina católica. A Igreja pode e deve falar de tudo, porque "se estes [os discípulos] se calarem, clamarão as pedras" (Lc 19,40). Por isso a voz do Sucessor de Pedro ecoa por todo o orbe e nem os indiferentes conseguem não se deixar tocar pela graça que Nosso Senhor nos concede.