Mais uma vez, o Papa Bento XVI apontou o norte sobre a verdadeira filosofia, tão adversa em seus conceitos, em nossos dias, perdendo-se em devaneios de pensadores equivocados que, facilmente, se esquecem daqueles que retamente os precederam. E o Santo Padre, durante sua alocução na audiência pública da última quarta-feira, dia 20, indicou o cristianismo como a “verdadeira filosofia”, citando São Justino, um dos Padres da Igreja que viveu no segundo século.
Enquanto o mundo se rende ao relativismo, o Sumo Pontífice sugere uma aliança entre a fé e a razão – lembrando-se inclusive da magistral encíclica “Fides et Ratio” de seu predecessor, o Servo de Deus João Paulo II. O Papa discorre claramente sobre os laços existentes entre o cristianismo primitivo e a filosofia grega, contra os falsos mitos pagãos, daí citar São Justino, cuja figura e obra “marcam a opção decisiva da Igreja primitiva pela filosofia e não pela religião dos pagãos”, contra quem os primeiros cristãos recusaram qualquer compromisso.
No entanto, é interessante observar o quanto, em nossos dias, as pessoas – principalmente as que se apresentam como cristãs – facilmente se entregam aos falsos ídolos. O problema se agrava no momento em que, além de uma mera admiração, passa-se a proceder, a se conduzir, pelos moldes daquela falsa divindade que se mostra como protótipo de homem. E justamente esses são condenados por São Justino como “armadilhas diabólicas no caminho para a verdade". Ao contrário, a filosofia A filosofia representou "a área privilegiada de encontro entre paganismo, Judaísmo e Cristianismo", disse o Papa, concluindo que, “num tempo como o nosso, marcado pelo relativismo no debate sobre o valores e sobre a religião”, as lições de São Justino “não devem ser esquecidas”.
Quando escreveu a “Fides et Ratio”, em 1998, João Paulo II, abre sua encíclica definindo bem a correlação entre essas duas virutdes: “A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio”. A partir daí, pode o homem aprofundar-se no seu íntimo, vislumbrando nele a grandeza de Deus, sentindo a intervenção divina no caminhar da humanidade.