O segundo volume da Coleção do Teatro Brasileiro, da WWW Sua Editora, do Rio de Janeiro, trouxe a comédia em três atos “A tradicional família mineira”, do teatrólogo Cleiber Andrade. O conceituado escritor, de uma ampla formação humanista, permitiu-se discorrer a pena ao sabor de um bom humor específico sobre os conceitos norteadores dos hábitos e princípios de bicentenários clãs. Seguindo a mesma linha de Martins Pena e Aluízio Azevedo, o autor lafaietense como que deu uma pausa em seus estudos, na criação de dramas como “Zero Hora”, “Três dias sem Deus”, “Concerto em Si-bemol” – só para citar alguns – e na composição poética a que se entrega com tanto primor, deu uma pausa para “brincar” com usos e costumes de uma aristocracia falida, mas devotada à conservação de modos obsoletos e à veneração de seus ancestrais, além de manias diversas, decorrentes sabe-se lá do quê.
São indispensáveis os elogios à obra de Cleiber Andrade, mesmo tendo as autoridades em literatura já os terem feito com muita competência, pelo vasto conhecimento literário que possuem. Mas não há como deixar de admirar a facilidade com que toma de um tema, simples que seja, e consegue enredá-lo, transformando-o numa perfeita trama, seja pela acentuação dramática, seja na desopilação emocional que o humor proporciona. Em “A tradicional família mineira”, principalmente os que puderam conviver com pessoas pertinazes nos apegos às tradições de família, por mais insignificantes ou estranhas que sejam, vão identificar algum conhecido ou mesmo parente. Os discursos prolixos enaltecendo a ascendência – às vezes questionáveis -, a exaltação de um parente que se projetou na sociedade, os conceitos equivocados, a beatice acendrada, entre outras características das personagens, trabalhou-as muito bem o autor, constituindo uma lídima comédia de costumes, com o toque peculiar do teatrólogo e o retoque caricatural que lhe é permitido.
Ler “A tradicional família mineira” de Cleiber Andrade, mais do que se distrair com uma deliciosa peça ao estilo da comédie-française, é um convite à reflexão de nossos conceitos também. A evolução dos tempos, as revoluções de comportamento e uma banalização dos costumes e até do pensamento muitas vezes podem facilmente conduzir o indivíduo ao ridículo, a um contra-senso sem precedentes, indo de um extremo ao outro, sob o casulo da liberdade de expressão, ou de uma excentricidade sem precedentes, tão somente pelo desejo de se fazer notar, o que leva os fracos e desarmados nessa batalha cultural se acastelarem, escudando-se com seus conceitos e preconceitos. Mas com sua peça, Cleiber não dá mão àqueles mendicantes infelizes da atenção alheia. Numa censura subliminar, ele atenta para o perigo a que se incorre ao manter-se inflexível como os Moura do Amaral e os T. de Mendonça, e com maestria reafirma a divisa de Molière, escrita por Jean de Santeuil, talvez inspirado na “Ars Poética” de Horácio: “Ridendo castigat mores”.
São indispensáveis os elogios à obra de Cleiber Andrade, mesmo tendo as autoridades em literatura já os terem feito com muita competência, pelo vasto conhecimento literário que possuem. Mas não há como deixar de admirar a facilidade com que toma de um tema, simples que seja, e consegue enredá-lo, transformando-o numa perfeita trama, seja pela acentuação dramática, seja na desopilação emocional que o humor proporciona. Em “A tradicional família mineira”, principalmente os que puderam conviver com pessoas pertinazes nos apegos às tradições de família, por mais insignificantes ou estranhas que sejam, vão identificar algum conhecido ou mesmo parente. Os discursos prolixos enaltecendo a ascendência – às vezes questionáveis -, a exaltação de um parente que se projetou na sociedade, os conceitos equivocados, a beatice acendrada, entre outras características das personagens, trabalhou-as muito bem o autor, constituindo uma lídima comédia de costumes, com o toque peculiar do teatrólogo e o retoque caricatural que lhe é permitido.
Ler “A tradicional família mineira” de Cleiber Andrade, mais do que se distrair com uma deliciosa peça ao estilo da comédie-française, é um convite à reflexão de nossos conceitos também. A evolução dos tempos, as revoluções de comportamento e uma banalização dos costumes e até do pensamento muitas vezes podem facilmente conduzir o indivíduo ao ridículo, a um contra-senso sem precedentes, indo de um extremo ao outro, sob o casulo da liberdade de expressão, ou de uma excentricidade sem precedentes, tão somente pelo desejo de se fazer notar, o que leva os fracos e desarmados nessa batalha cultural se acastelarem, escudando-se com seus conceitos e preconceitos. Mas com sua peça, Cleiber não dá mão àqueles mendicantes infelizes da atenção alheia. Numa censura subliminar, ele atenta para o perigo a que se incorre ao manter-se inflexível como os Moura do Amaral e os T. de Mendonça, e com maestria reafirma a divisa de Molière, escrita por Jean de Santeuil, talvez inspirado na “Ars Poética” de Horácio: “Ridendo castigat mores”.