“Neste mês de maio,
Lindo, encantador,
Juntas entoamos,
Mãe, vosso louvor!”
Envolve-nos uma aura de saudade e de devoção ao ressoar, desde os dias de nossa meninice, o canto alegre das crianças engalanadas para coroarem a Virgem Maria. É a piedade filial que se expressa dessa forma, numa antecipação do gozo eterno que se terá quando, enfim, participarmos das alegrias perenes na Pátria celeste. Finda nossa caminhada neste mundo, nos vestíbulos do santuário da bem-aventurança, certamente já identificaremos, evolando pelas planuras celestes, semelhante cântico que, outrora, nos antecipara àquele momento de graça e de esplendor. O mavioso entoar das meninas vai se figurando, melhor definido, nos sonhos de José do Egito, nas visões apocalípticas de São João.Lindo, encantador,
Juntas entoamos,
Mãe, vosso louvor!”
A cada ano, renova-se esse ritual que, não fossem os exageros tecnológicos que se vão lhe acrescentando, além de interesses outros que não sejam a mais sincera e ingênua manifestação de veneração à Virgem Maria, continuaria a ser a mais expressiva loa dos corações enlevados pela devoção. Ah, maio, em que tudo nos faz desejar a pureza dos pequenos e bendizer a Deus, “porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos” (Mt 11,25). Se no velho mundo o mês das flores foi dedicado a Nossa Senhora, pelo clima agradável e a natureza pululando vidas multicores pelos campos; os dias de outono abaixo dos trópicos nos atentam à frieza das atitudes humanas, tocadas pela decadência do pecado, incitando-nos a desejar, com mais convicção e sinceridade, o amor abrasador que impele até Deus.
Perde-se pelos séculos a origem dessa delicada manifestação de carinho, a coroação da imagem da Virgem Santíssima, ilustrando as celebrações do Mês de Maria animadas pelos padres jesuítas, em especiais tratados editados ainda no século XVIII. Em Minas, esse costume salutar para a alma introduziu-o as Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, quando se estabeleceram nas alterosas em meados do século XIX. Desde então, revivem-se, a cada ano, as manifestações de filial devoção dos católicos fervorosos que, em sentimento, se unem às vozes pueris em súplica à Santa Mãe, no anelo de salvação:
“Céu de Maria,
Lindo, estrelado...
Deixa o meu cantinho
Lá no céu guardado.”
Lindo, estrelado...
Deixa o meu cantinho
Lá no céu guardado.”