Quase seiscentos anos após sua morte, só agora, para gáudio dos portugueses – e por que não também dos brasileiros –, foi canonizado o carmelita Nuno de Santa Maria (nascido Nuno Álvares Pereira – 1360-1431). Um dos grandes heróis lusitanos, Nuno Álvares, que recebeu o título de “Condestável do Reino” por Dom João I, o Mestre de Avis, apresenta-se desde a sua época aos homens de fé como exemplo de cristão exemplar e súdito fiel, defendendo sua religião e sua pátria, convicto de sua missão. Foi um militar destemido, mas, antes, um católico fervoroso que, tendo encerrada sua carreira, recolheu-se na vida religiosa e, nutrindo-se da espiritualidade carmelita, tornou-se exemplo de humildade, trabalhando na portaria do convento que mandara erigir em Lisboa e como esmoler, atendendo aos pobres; aliás, dizem que aí se iniciou a “sopa dos pobres”, que ele servia aos que batiam à porta pedindo-lhe um adjutório.
O nacionalismo acendrado do bom povo português tende a cultuar o mais novo lusitano elevado à glória dos altares pelos seus feitos notáveis, como vencedor de grandes batalhas que garantiram a unidade do Reino, como a de Aljubarrota, cantada por Camões n’Os Lusíadas. Era o modesto Portugal enfrentando o brutal exército de Castela, contando mais com a coragem e a austeridade de seu comandante, Dom Nuno, do que com os recursos bélicos, tão primitivos ainda naquela época. Alguns de seus biógrafos, numa interpretação sobrenatural de sua vida, creditam essas vitórias à sua fé e ao mais puro desejo de assegurar a catolicidade de sua terra. Parecia antever as tristes divisões marcadas pelo Cisma do Ocidente, em que Castela, por interesses políticos, aliou-se ao anti-papa de Avinhão, enquanto Portugal manteve-se fiel ao Bispo de Roma.
Mas é ao final de sua vida que empreende a mais terrível batalha, atento, certamente, à admonição de São Paulo: “não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares” (Ef 6,12). Preparou-se, então, com as armas espirituais, ou seja, a armadura da justiça, a espada do Espírito, o escudo da fé, a oração, a disponibilidade para anunciar o Evangelho na construção de um reino de paz, perseverante na prática do bem. Ao cerrar os olhos para este mundo, enquanto entregava sua alma inteiramente a Deus, traduzia-se seu necrológio em testemunho de uma vida ornada de virtudes, reconhecidas pelo Papa Bento XV, em 1918, quando o beatificou, e agora pelo papa Bento XVI, que o canonizou.
A figura de São Nuno de Santa Maria propõe-nos a tomada de decisões desprendidas de quaisquer interesses, senão os de fazer o bem pelo amor de Deus. É desta forma que ele ainda se nos apresenta, de um caráter íntegro, de convicções coerentes, de atitudes santas, no recolhimento da cogula do devotamento e da humildade, aquecido pelo amor abrasado de Jesus, guiando-se pela luz do Evangelho.
São Nuno de Santa Maria, rogai por nós!
O nacionalismo acendrado do bom povo português tende a cultuar o mais novo lusitano elevado à glória dos altares pelos seus feitos notáveis, como vencedor de grandes batalhas que garantiram a unidade do Reino, como a de Aljubarrota, cantada por Camões n’Os Lusíadas. Era o modesto Portugal enfrentando o brutal exército de Castela, contando mais com a coragem e a austeridade de seu comandante, Dom Nuno, do que com os recursos bélicos, tão primitivos ainda naquela época. Alguns de seus biógrafos, numa interpretação sobrenatural de sua vida, creditam essas vitórias à sua fé e ao mais puro desejo de assegurar a catolicidade de sua terra. Parecia antever as tristes divisões marcadas pelo Cisma do Ocidente, em que Castela, por interesses políticos, aliou-se ao anti-papa de Avinhão, enquanto Portugal manteve-se fiel ao Bispo de Roma.
Mas é ao final de sua vida que empreende a mais terrível batalha, atento, certamente, à admonição de São Paulo: “não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares” (Ef 6,12). Preparou-se, então, com as armas espirituais, ou seja, a armadura da justiça, a espada do Espírito, o escudo da fé, a oração, a disponibilidade para anunciar o Evangelho na construção de um reino de paz, perseverante na prática do bem. Ao cerrar os olhos para este mundo, enquanto entregava sua alma inteiramente a Deus, traduzia-se seu necrológio em testemunho de uma vida ornada de virtudes, reconhecidas pelo Papa Bento XV, em 1918, quando o beatificou, e agora pelo papa Bento XVI, que o canonizou.
A figura de São Nuno de Santa Maria propõe-nos a tomada de decisões desprendidas de quaisquer interesses, senão os de fazer o bem pelo amor de Deus. É desta forma que ele ainda se nos apresenta, de um caráter íntegro, de convicções coerentes, de atitudes santas, no recolhimento da cogula do devotamento e da humildade, aquecido pelo amor abrasado de Jesus, guiando-se pela luz do Evangelho.
São Nuno de Santa Maria, rogai por nós!