O Brasil está lembrando, com algumas comemorações, os duzentos anos da chegada da Família Real. Em janeiro realizaram-se algumas festividades em Salvador (BA), onde primeiro aportou, e neste sábado, dia 8, será o ponto alto das comemorações na cidade do Rio de Janeiro, onde se fixou a corte portuguesa. Os Círculos Monárquicos se esforçaram para que a efeméride fosse lembrada com gratidão pelos brasileiros, mas a leviandade republicana tratou-a apenas como mais uma data histórica a ser comemorada, sem dispensar-lhe o necessário escopo de resgatar a dignidade da Casa Real Portuguesa que, ao deixar Portugal para não sucumbir à tirania napoleônica, veio inaugurar um novo tempo, veio redescobrir o Brasil.
Alguns historiadores afirmam que, há algum tempo, dom João, ainda como príncipe regente, já manifestara a possibilidade de ultrapassar o Atlântico e se estabelecer além-mar, dissuadido, contudo, pelos seus. O momento, no entanto, fez-se oportuno, quando as tropas de Napoleão marchava já em terras lusitanas em direção a Lisboa onde, indubitavelmente, renderia os Bragança e, certamente, como fizera na Espanha, exilaria-os nalguma quinta, no interior português, e colocaria no trono algum de seus protegidos. Aí sim seria a espoliação de Portugal em todos os sentidos.
É quando reage o equivocadamente considerado "bobo" Príncipe Regente. Chegara o momento de partir para assegurar a soberania da Coroa Portuguesa. Os preparativos foram, sim, às pressas; tiraram tudo o que lhes foi possível; atropelavam-se a caminho do cais; muita gente ficou, com as tropas que alcançavam já os montes ao redor de Lisboa, "a ver navios". Mas ninguém pode negar que atitude de dom João foi uma das mais acertadas, não apenas para garantir o seu domínio, mais ainda, para o desenvolvimento do Brasil.
A partir da chegada da Família Real à Terra de Santa Cruz inicia-se uma nova fase. O país conhece, então, o desenvolvimento em todos os sentidos. A abertura dos portos, declarada ainda quando estava na Bahia, foi o primeiro passo para o deslanchar comercial, e a criação de instituições assegurou o ordenamento da administração pública: Banco do Brasil, Real Gabinete de Leitura, escolas, tropas que asseguravam a segurança, um revigoramento social e intelectual, tudo isso foi primordial para que, poucos anos depois, a nacionalidade brasileira fosse ratificada coma elevação a Reino Unido e, em 1822, a fundação do Império do Brasil.
Há 200 anos o Brasil era redescoberto por dom João - O Clemente - que reafirmou a vocação desta terra bendita, onde a sucessão de seus atos a confirmou como o Império do Cruzeiro do Sul.