Confundem-se, no entanto, os sentidos do Estado Laico e do Estado Ateu. Enquanto este nega a existência de Deus, aquele unicamente respeita a crença dos cidadãos, permitindo a coexistência de credos diversos. Ora, tanto o Brasil não se considera um Estado Ateu, que faz menção a Deus Nosso Senhor nas Cartas Magnas que se sucederam, explicitamente na de 1934, depositando nEle a confiança dos brasileiros; na de 1947, colocando o Estado sob a sua proteção; e até a mais recente, de 1988. Logo, se se permite a profissão de fé pública dos brasileiros, a retirada dos símbolos religiosos, seja de onde for, é um cerceamento desse direito. Ademais, quer símbolos mais efetivos que nossas igrejas, os altos campanários, os cruzeiros e oratórios públicos, o soar dos sinos, o Cristo Redentor no alto do Corcovado, eleito uma das maravilhas do mundo moderno?
Na verdade, eles não defendem o Estado Laico, porque demonstram pouco saber o que é isto ou aquilo. Incomoda-os o fato de os símbolos religiosos remeterem a princípios e valores. Eles não defendem o paganismo de Nero, que tentou dizimar o cristianismo no Império Romano, nem o racionalismo instaurado na França após a Revolução de 1789, ou o Positivismo que alcançou o limiar da República no Brasil; enfim, não professam nenhum ateísmo, seja ele o marxista, ou o científico, nem o existencialista ou axiológico. Talvez, existe oculto no inconsciente dos propositores desse atentado á liberdade religiosa um ardente temor de Deus. Assim, exterminando qualquer símbolo que os leve até Ele, não se sentirão “vigiados” enquanto vivem à mercê de seus conceitos e prazeres.
Há exatos cem anos algo semelhante aconteceu