Na última semana, no dia
Passados vinte anos, no entanto, é preciso que as marcas que restam do muro na cidade de Berlim, não tanto quanto as cicatrizes na alma de tantas pessoas que sofreram com aquela brutalidade política e social, seja um sinal de alerta – da mesma forma como os campos de concentração nazista o são para que as atrocidades contra inocentes não tornem a acontecer. Que os resquícios do muro de Berlim sejam um sinal para que não volte a se impor sobre ninguém um sistema tão medonho, como foi o comunismo que vitima milhares de pessoas nos países onde ainda impera ou se insinua sobre governos tíbios, que oscilam entre suas equivocadas pretensões ideológicas e os interesses econômicos, especialmente nos países mais pobres.
Mas nas comemorações dos vinte anos da queda do Muro de Berlim uma observação propõe-nos a Santa Igreja sobre a fé daquela gente que sofreu por tantos anos, acentuadamente após a Segunda Grande Guerra, com o regime socialista e as conseqüências da Guerra Fria. Não se podem omitir os insistentes apelos da Igreja, desde o beato João XXIII com e o veemente Servo de Deus João Paulo II, este vítima dos abusos do sistema em sua pátria. A perseverança de sacerdotes e prelados, alguns fiéis até o martírio, foi o alento para aquele povo piedoso do leste, de religiosidade acendrada, que também suportou e buscou, de alguma forma, amenizar o sofrimento moral, manter suas tradições e conservar a fé. E como observou João Paulo II quando esteve na Alemanha, já no ocaso de sua existência, desde os portões de Brandemburgo, em Berlim, exaltou a unificação da Alemanha, com a queda do famigerado muro, lembrando que a fé cristã demonstrara, mais uma vez, ter contribuído “para a união e a civilização do continente, superando a prova cruel do ateísmo do Estado”. Que esse momento histórico seja sempre lembrado, para que outros muros não se ergam entre os povos.